Sobre a Telúrika

Sobre a Telúrika

Imagem Telúrika

oie!

eu sou Esther, a pessoa faz-tudo da Telúrika!

sou uma pessoa branca, sem deficiência, não-binária, sapatão e libertária. uso qualquer pronome (elu/ela/ele), desde que entenda que a conversa é comigo.

tenho formação livre em língua inglesa (Wizard) e espanhola (professora Isabel Antunez) e formação em bacharelado em Letras com ênfase em língua portuguesa e francesa (UFRGS).

o pedacinho letrista que me habita é muito importante, mas também já fui modelo, já fiz teatro, já trabalhei com atendimento ao público y otras cositas más... gosto muito de dançar, de cozinhar, de tá pertinho das minhas amizades, de estudar, de tomar banho de sol e de lua e de alimentar minha alma com bonitezas que estimulem o meu gosto pela escrita!

muito além do encantamento com a leitura e escrita desde muito nova, acredito que a artesania da comunicação é um processo de conexão com o corpo enquanto memória ancestral, enquanto entidade que abriga espírito, mente e físico confluindo sentires e sentidos.

as traduções corpóreas se registram nas traduções orais e escritas e vão construindo a comunicação. lidar com informações é uma grande responsabilidade, por isso trabalho a partir da perspectiva da língua pindo-pretu-guesa (um acrônimo das palavras pindorâmica [algo ou alguém que vem de Pindó reta], preto e português) porque acredito que aquilo que chamam de língua portuguesa é um conjunto de confluências linguísticas de muitos povos originários de Pindó reta ("Brasil") y povos em diáspora, especialmente povos africanos. são muitas línguas existindo numa língua que se diz uma só, "herdeira de Portugal".

a tradução libertária é o meu posicionamento tradutório, porque baseio meu percurso de escolhas de sentidos em pluralidade, diversidade, intersubjetividades históricas, filosóficas, psicológicas e políticas dissidentes e contracoloniais e não estritamente na gramática colonial. isso significa que, pra além de adequar vírgulas e palavras de acordo com dicionários e gramáticas, eu trabalho com conceitos e palavras que se constroem em coletividades fora do enrijecimento acadêmico colonial. acredito em muitas possibilidades de comunicar. não acredito em jeito "certo" e "errado" de falar, porque existem inúmeros falares! o contexto de produção dessas falas é que vai modular os sentidos envolvidos.

(aqui, a partir da página 188, tem uma explicação mais elaborada sobre meu entendimento de língua e tradução e, a partir da página 191, sobre a língua pindo-pretu-guesa especificamente)

acho importante me posicionar politicamente em relação ao fazer linguístico porque é impossível falar a partir de um lugar "neutro" e "imparcial". isso é uma mentira liberalóide. toda pessoa que fala só é capaz de falar porque antes dela outras pessoas já falavam, já construíam tudo que histórica e culturalmente conhecemos como língua.


a Telúrika existe desde 2018 e se movimentou desde então por conta de indicações e recomendações de pessoas que tinham contato direto comigo. fazia tempo que vinha germinando a ideia de organizar meus trabalhos a partir de uma ferramenta social on-line, que se materializa nesse site enquanto meu espaço de trabalho.

por que Telúrika?

tenho uma ligação preciosa com a terra. acredito que escrever é como plantar. é preciso procurar as sementes, preparar a terra, plantar as sementes, cuidar dos processos de crescimento — regar, podar quando necessário, observar se a luz solar é suficiente ou excessiva —, esperar brotar, colher e, então, preparar alimentos, bebidas, remédios, moradias, ferramentas, vestimentas, enfeites… não se pulam etapas ao cuidar da terra nem ao semear a palavra.


telúrico é um adjetivo que caracteriza o que vem da Terra, do solo.

esse adjetivo geralmente é usado pra falar de planetas telúricos — aqueles que estão mais próximos do Sol —, de correntes telúricas — correntes elétricas que existem no interior da Terra — e de raias espectrais telúricas — linhas luminosas que mostram a transição energética de um átomo distante da Terra. também caracteriza histórias baseadas no telurismo, uma expressão literária em que a natureza age fortemente na vida das pessoas e pode ser considerada como uma personagem na história.


toda essa energia solar-terrosa-transitória é o que mantém a palavra em movimento. germinar a palavra da raiz às pontas das folhas, das flores, dos frutos e das sílabas pra alimentar a ousadia de pensar a si e os mundos com as entranhas, no obscuro e no lúcido. a capacidade de expressar através da língua algo que seja inteligível, que abra espaços de escuta, fala e compreensão é o que nos permite destruir o cerceamento do que nos relega à loucura do indizível.

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